Diga-me uma palavra e eu a tirarei de uma caixa.
Eu guardo palavras em cartas que nunca enviei, em declarações que nunca fiz.
Gravei palavras em relacionamentos imaginários e amores não consentidos.
Criei meus contos.
Esculpi monumentos e traduzí-os em palavras.
Guerras destruíram tais monumentos, mas as palavras ficaram, fincaram pilares que jamais serão removidos.
E assim é a palavra, a estaca que não será extirpada, o adereço da magoa, a flecha lançada, a maçã mordida, a morte e a vida.
Aquilo pelo qual não podemos voltar atras.
Por isso eu as guardei, eu as guardei para que ninguém sofresse as consequências dessa viagem sem volta.
Apenas eu carrego as penas das palavras exteriorizadas, mesmo que tenham sido em cartas que nunca foram enviadas, mesmo que tenham sido aquelas que joguei na frente do espelho e ricochetearam para a minha alma.
Apenas eu carrego as penas das palavras exteriorizadas, mesmo que tenham sido em cartas que nunca foram enviadas, mesmo que tenham sido aquelas que joguei na frente do espelho e ricochetearam para a minha alma.
Palavras...
Diga-me uma, talvez seja a que guardei para você.
T. M. S.